Era uma vez uma língua que foi ao encontro de outra. Ao decorrer da fração de segundos que as separavam, ela suava desesperadamente por dentro. De tão excitante que era o encontro ela passava repetidas vezes sua língua entre os lábios então dormentes. Já não sentia mais nada, a língua só conseguia enxergar o vazio dos segundos que tinha pelo caminho, sabia que daqui a uns instantes encontraria uma língua nova, que seria um mistério, uma língua a sentir o toque de outra. Tinha feito tantas vezes esse percurso que tinha esperanças em encontrar sua língua metade. Sim, porque era aquilo que a língua procurava: o encaixe.
E daí aconteceu.
O encontro entre duas línguas. Uma tímida e uma mais ousada. Uma metade buscando a outra. Uma molhada molhando a seca. Uma língua se encaixando na outra. Um encontro chamado beijo.
