quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
Era uma vez uma língua que foi ao encontro de outra. Ao decorrer da fração de segundos que as separavam, ela suava desesperadamente por dentro. De tão excitante que era o encontro ela passava repetidas vezes sua língua entre os lábios então dormentes. Já não sentia mais nada, a língua só conseguia enxergar o vazio dos segundos que tinha pelo caminho, sabia que daqui a uns instantes encontraria uma língua nova, que seria um mistério, uma língua a sentir o toque de outra. Tinha feito tantas vezes esse percurso que tinha esperanças em encontrar sua língua metade. Sim, porque era aquilo que a língua procurava: o encaixe.
E daí aconteceu.
O encontro entre duas línguas. Uma tímida e uma mais ousada. Uma metade buscando a outra. Uma molhada molhando a seca. Uma língua se encaixando na outra. Um encontro chamado beijo.
Quando criança meus pais falavam que eu ia entender melhor o mundo quando crescesse, era sempre assim, ‘quando você crescer você vai entender o que estou falando/fazendo ‘. Bom, eu cresci e particularmente entendo sim algumas atitudes pelos quais eles tomaram naquela época na minha infância. Mas eu tinha uma visão diferente dos adultos. Pensava que eles eram crescidinhos o suficiente para compreender tudo e a palavra imaturidade só servia na infância, pura ilusão minha. Vejo atitudes de um adulto de 40 anos em que minha irmã de 17nao tomaria por ter consciência do errado e do certo. Então não sei o que é ser adulto. Não sei o que é ter maturidade. O adulto que eu tinha na minha cabeça, não mastigava chiclete, não jogava vídeo game, não faziam escolhas erradas, eram donos da verdade... Bom, a verdade é que ser humano erra, independente da idade. E você só percebe que seu pai e sua mão também podem errar quando você começa a errar e aprender com isso.
Ser adulto não é ter 30.40 anos. Ser adulto é mascar chiclete, não engolir e jogar fora.
Ser adulto não é ter 30.40 anos. Ser adulto é mascar chiclete, não engolir e jogar fora.
Não existe mais polêmica no assunto em que chamamos de sexo. Sexo é bom. A quem preferia com, sem camisinha. Mas o fato é que homens não gostam mais do que as mulheres. Eles são mais digamos assim, incontroláveis. Sabemos perfeitamente que mulheres conseguem o controle sobre tudo em que está em suas mãos. E o sexo com certeza não é a prioridade pelo menos quando se chega a certa idade. Mas falarei de algo mais importante. Você. Você mesma. Sim, há algo mais importante que você? Seu rosto, seu corpo, seu sentimento, seu interior. Não é egoísmo. Mas você é coisa mais confiável e importante que existe. E junto vem o prazer. Você não existe sem prazer. E é daí que o sexo entra. Fazer amor, transar, fazer sexo, são frases que dão ao mesmo sentido, o prazer de sentir o outro. Da penetração. Da descoberta Do ponto G.
Woody Allen dizia: Não despreze a masturbação - é fazer sexo com a pessoa que você mais ama.
Woody Allen dizia: Não despreze a masturbação - é fazer sexo com a pessoa que você mais ama.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
Aquela bala estava vindo em direção ao meu ombro, não era um filme, nem um pesadelo em que eu me beliscaria para acordar. Era uma bala igualzinha daquelas que só via na televisão, daquelas que você reza pra nunca ver. E ela entrou, não tive como esquivar. Ela estava perdida, e resolveu se enfiar dentro de mim, Péssima notícia. Doeu. Doeu muito. No momento você não chora, não grita, não geme, não se mexe. O tempo é o nome para seu desespero. E foi ali que eu o achei pela primeira vez. A morte. Não emiti nenhum som, mas os sons que saiam do meu coração eram tão altos que eu não precisa falar mais nada. A sensação que tive foi de um buraco no ombro, uma explosão inesperada, um empurrão com muita força. Não reclamo mais das dores de dente, de ouvido, não são pra mim agora as piores. Depois daquela perdida bala que se encaixou em meu ombro, nenhuma dor do mundo é maior que o tiro certo.
Chorei hoje. Não te digo o motivo porque ele não existe, não adianta questionar. Chorei porque meus olhos ficaram cansados e uma dor ocupava meu corpo. Então a lágrima saiu. Assim. Molhada e quente. Os fios do cabelo do meu braço se levantaram e uma dúvida pairou na minha mente. Que tristeza é esse choro meu? Será tristeza ou solidão? Alegria ou muita emoção? Eram lágrimas de vida. Você chora pelo motivo nenhum, mas quando uma lágrima cai e outras vêm juntas, motivos aparecem para tais, daí então o motivo para esse choro meu, é só motivo, e nada mais. Complicado entender. Difícil explicar. Chore então que o motivo você irá achar.
Angústia. Todo dia enfio minhas mãos dentro do coração e tento tirar ela. Mas ela nunca sai, quanto mais eu tento alcançá-la mais se contrai, ela fere. Fere o meu eu.
Mas não tem o que se dizer muito sobre ela, ela é chata demais, estraga meu dia e meu humor. È um sentimento tão perturbador que nos deixam com pensamentos a mil, pensamentos ruins, é claro, imaginamos sempre o pior.
Sabe aquela agonia no coração, aquela dor nem muito forte nem fraca demais? A agonia. É ela, que aparece assim, no dia, a noite, e você nem esperava tanto mas a agonia tem nome. Um nome feminino, proparoxítona, amargura, desgosto, ansiedade, um nome feminino, proparoxítona.
Angústia.
Mas não tem o que se dizer muito sobre ela, ela é chata demais, estraga meu dia e meu humor. È um sentimento tão perturbador que nos deixam com pensamentos a mil, pensamentos ruins, é claro, imaginamos sempre o pior.
Sabe aquela agonia no coração, aquela dor nem muito forte nem fraca demais? A agonia. É ela, que aparece assim, no dia, a noite, e você nem esperava tanto mas a agonia tem nome. Um nome feminino, proparoxítona, amargura, desgosto, ansiedade, um nome feminino, proparoxítona.
Angústia.
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Às vezes você anda sozinha, mas no fim da noite sempre arranja um jeito de me encontrar. Você que por tempos tenho tentado me esquivar, mas não tem jeito, você dorme comigo, e por vezes acabo acordando com você. Acho-te em algumas pessoas, tento me confortar com elas, mas você insiste e insiste em me perseguir. Queria que me deixasse de vez, para que eu pudesse viver em paz. Mas existe paz sem você? Existo sem você? Existe força maior para poder te fazer desaparecer de vez? Não me venhas mais. Acabo me martirizando toda vez que aparece, minha cabeça explode de sentimentos. Meu coração se cala quando te escuta. Mas você chega, lentamente, sem barulho, sem eu perceber sua presença, passando pela minha mente, batendo no meu coração e entra:
saudade.
saudade.
O som estava tão alto que eu mal conseguia escutar a voz da minha amiga. As músicas do momento estavam tocando, tava tudo muito animado como sempre, algumas pessoas alteradas, outras mais caladas, umas eufóricas e outras felizes demais. O lugar é contagiante. Mas eu não tava ali para brincar, eu tava ali porque minha amiga queria, porque o menino bonito foi, porque a bebida ia me deixar mais contente, porque eu queria esquecer de casa, porque o trabalho não era importante, e estava ali principalmente porque não era feliz.
Aquele lugar era uma ilusão. Uma farsa na minha vida. Não sou excitante. Nada ali me satisfazia mais. Cigarros, beijos, transas, bebidas. Tudo é uma coisa só. Tudo em uma noite. Tudo pra nada.
Aquele lugar era uma ilusão. Uma farsa na minha vida. Não sou excitante. Nada ali me satisfazia mais. Cigarros, beijos, transas, bebidas. Tudo é uma coisa só. Tudo em uma noite. Tudo pra nada.
Adoro mãos. Principalmente aquelas que têm suas marquinhas, seus defeitos, alguns cortes, cicatrizes. O que a torna mais belas são seus movimentos. O poder de tocar, de sentir outro objeto, pessoa. É com elas que expressamos nossos sentimentos pelo suor, pelo calor. As unhas são só complementos, o toque de um esmalte sem graça, ou até mesmo com uma cor forte, só faz iluminar mais ainda elas. Mas pra mim nada tem importância. Posso sentir meu coração através delas, posso dialogar com alguém sem falar nada e além do mais posso sentir o imenso prazer em que nenhuma palavra poderá descrever e só um toque dos dedos, da palma, das mãos pode sentir.
‘Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo.’
Carlos Drumonnd de Andrade
Não sei descrever sobre o belo. Sei falar sobre o sombrio, o escuro. Acho mais interessante, mais curioso. O belo é algo muito pessoal, cheio de detalhezinhos, poemas, canções, passarinhos, natureza, beleza. O sombrio é fácil, todos sentem a mesma coisa, nada é diferente nem estranho. O escuro é objetivo, é feio, não tem detalhes e falar sobre algo em que não é bom, é excitante para mim. Loucura minha. Mas pessoas prestam mais atenção em palavras que mostram sentimentos tristes do que felizes, elas buscam palavras que mostrem algo pelo menos parecido ao rancor que sente em sua alma. O interior é muito profundo. Todos nós somos sombrios e escuros. Por isso me interesso pelo feio. A beleza do feio é a mais interessante. E escrevo para achar nessa tamanha escuridão alguma luz que mostre o belo e então assim vivê-lo e não descrevê-lo.
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