terça-feira, 22 de setembro de 2009

Faz aquela cara de santo e reverte a culpa
O diabo agora sou eu, e tenho que ficar muda
Seu nome é paciência
E o meu é confusão
Entre ameaças e desilusões
Quem se fere mais é o meu coração

Me pergunto enquanto você reclama
Cadê o menino que tanto me ama?
Me perdi no meio da discussão
Fiquei entre o sim e o não
Serei feliz nesta relação?

E nesse intervalo de briga constante
Não demorei pra entender
Que basta um instante,
Para eu perceber, que minha vida é você.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A manhã estava cinzenta quando me surpreendi com a noticia que acabara de receber. Ainda estava sonolento quando o telefone toca.
- Alô. – atendi rápido.
- Péssimo dia pra você, meu jovem, hoje é dia que vais morrer.
- Quem é? Que brincadeira é essa?
- Sou o pulmão, irei te matar daqui a alguns minutos.
- Certo senhor pulmão. E porque me matarias? – falei com um ar sarcástico.
- Você abusou de mim, me maltratou por anos. E eu que sempre fui tão fiel a você, tomava banho todos os dias, ficava limpinho para você me usufruir. Mas você não me deu valor, resolveu me estragar uma noite qualquer quando tragou uma fumaça cinzenta pra dentro de mim, me deixando podre, sem parar. Você só pensa no seu prazer, é um egoísta mimado! Agora chegou a sua vez, vou lhe matar, sugar o seu ar, você vai apodrecer assim como me deixou também.
Fiquei em transe, aquela noticia me despertou, tudo que eu queria saber era quem decidiu fazer uma brincadeira tão sem graça. Só podia ser o Carlos, ele era um amigo 100% careta e resolveu tirar uma comigo. Mas eu não ia deixar barato, me recompus e falei alto:
- Eu sei que é você Carlos, não teve graça, juro que vou tentar parar de fumar, ta certo? Agora para de vez com isso.
- Carlos? Parar de fumar? Seu imbecil, você realmente é muito burro. Agora não adianta parar de tragar essa nicotina filha da puta, ela ja tomou conta de mim, pensava isso antes de me deixar sujo. Antes de sair com aqueles maconheiros desgraçados todos com as suas mortes traçadas.
Comecei a me assustar, enquanto aquele ‘pulmão’ falava, peguei o celular e ligava para toda a minha agenda telefônica, até quando senti uma dor intensa.
- Você ainda está na linha seu pulmão desgraçado?
- Estou.
- É você que está fazendo isso, não é? Me devolve o oxigênio, seu assassino!
- Você nunca teve pena de mim, porque eu teria de você? Você não vê que a minha morte é muito pior? ela é lenta, estou morrendo aos poucos, diminuo a cada tragada prazerosa que você dar. Vou desligar, você vai morrer.
Quando escutei o tun-tun-tun do telefone, não ouvi a do meu coração. Meu corpo caiu sobre o tapete da sala, e olhei o pulmão ao meu lado com um sorriso de canto de boca.
- Você que quis assim.

Acordei e respirei bem fundo quando me dei conta que era um sonho. Levantei, preparei meu café e dei uma tragada de dez segundos no Malrboro.