sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
O acaso bateu na nossa porta e o destino nos uniu. Nos conhecemos em uma noite chata, sem graça, eu estava de cabelos escuros naquela época. Você parecia um menininho escondido debaixo de vitaminas, músculos e academia. Estava bonito, admito, uma bermuda com cores duvidosas e uma blusinha achada em qualquer loja cara. Sua aparência me chamou atenção pelo seu estilo, seu jeitinho de levantar a sobrancelha e observar com calma todo detalhe de qualquer mulherzinha que passasse por você. Percebi de momento que era detalhista, observador. Não era um dos meus melhores dias, estava simples, um brinco que peguei de ultima hora antes de sair de casa, uma sandália baixa e um vestido de casa aqueles bem longos que inventam de dizer que é moda no verão. Mas não era verão. Era primavera. Se bem que nas ruas as flores não se viam, e o nome da estação não tinha o menor sentido. Foi ali que começou, foi ali que eu deveria ter dito que não queria te conhecer, foi ali que eu não imaginava o futuro adiante, foi ali que nasceu uma relação.
Eu hesitei um pouco, pedi paciência a você, pedi pra você conversar primeiro, contar sua história, sua vida, seus problemas. E você não me escutou, era detalhista demais pra ficar ouvindo o que eu tava falando, olhava tanto pos meus lábios que eu ficava tão sem graça que esquecia que você não estava ouvindo nada do que eu falava. Uma vontade despertou em mim depois daquele dia. À vontade do querer. Querer te ver todo dia. Eu te conheci por algumas horas e já queria está contigo a todo instante. Era estranho, mas não pude evitar o que já estava acontecendo. E não evitei.
A partir então te veria por todos os dias, semanas, meses. Foi tão rápido, você era apenas um menino de academia e eu era uma garotinha simples, mas com o tempo eu gostava mais e mais de você. Sua respiração em meu ouvido, suas mãos apertando todas as formas do meu rosto, seus olhos nos meus, tudo era bom demais. Bom demais.
Lembro que você me deu uma casa de miniatura e que me prometeu que um dia viveríamos nela. Você prometia demais, dava amor demais, era tanta verdade que eu duvidava. Tentava ficar insegura, com um pé atrás, mas você não deixava isso acontecer, apertava com força minha mão e eu sentia um arrepio tão grande que eu chorava. Chorava de felicidade.
O último dia que nos vimos você estava fazendo as mesmas juras, promessas, e eu estava de cabelos mais claros, mais viva. Você estava magrinho, era um menininho homem agora, e eu era uma menina sua.
Meu mundo virou lama. Virou caco. Virou pó.
Foi naquela tarde que você me deixou, depois do café e das bolachas, depois do eu te amo, depois de passar seus dedos entre meus cabelos e dizer: amor, já volto!
Não voltou.
Não vai voltar.
Alguém te levou, te levou de mim. Levou teu sorriso, nossa casa de miniatura, nos beijos, nossas promessas. Chorei de felicidade pela aquela primavera. Chorei de tristeza pela aquela tarde. Pela vida. Pela morte.
Não quero que você descanse, quero que você me espere. Me espere pela eternidade, pelo além, que não demorarei e te darei minha vida e meu amor.
Com amor, sua.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário