sexta-feira, 19 de junho de 2009

Sei lá. Aconteceu. Molhar o rosto não adiantará de nada agora. Ok. Vou cortar os pulsos,vejo filmes e sempre fazem isso, dizem que aliviam a dor da culpa, da vergonha. Não. Covardia demais pra mim. E se for mentira? Verdade. E se for Deus? Castigo. Castigo? Pra mim é. Dizem que é uma dádiva dele. E só de pensar que tem gente sofrendo pra o que eu não quero sofrer. Antes mesmo de respirar imaginei as vozes dos sabichões uivando nos meus ouvidos e eu desnorteada cambaleando pela casa tentando fugir. Imaginei minha vida daqui a 10 anos com lenços na cabeça reclamando pelos cantos da casa o quanto tudo era muito sujo. Foi então que a lágrima caiu e o pensamento de me cortar não parecia tão má idéia assim. Resisti. Afinal restavam ainda três minutos para planejar uma vida inteira. Então resolvi me sentar no chão gelado do banheiro e fechar os olhos. Lembrei da noite, do corpo, dos carinhos. Dos sonhos que fazíamos juntos, do futuro que eu tanto queria ter com aquele menino que conseguiu roubar meu amor. E uma sensação boa foi entrando em mim, era ele. O amor. Ainda sentindo o gelado do chão descobri ali que era ele que ia me salvar de tudo. Com ele eu conseguiria ser feliz, construir um futuro, sem me importar com idade e classe social. Com ele eu aceitaria tudo, e aquilo que até então era um pesadelo pra mim, se transformou em um sonho lindo.
Ainda com os olhos fechados, pensei: Como vou amar essa criança!
Olhei intensamente pra aquele pedaço de papel e o abri:
- negativo! – li em voz alta.

Uma lágrima caiu.

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