quarta-feira, 17 de dezembro de 2008


Não queria ter que está escrevendo isso. Não escolhi essa vida pra mim, ela que me escolheu. Minhas condições nunca foram boas, nunca conheci meus pais e fui criada por uma tia bastarda numa casa de massagem, as ‘amigas’ dela eram boas comigo, sempre me davam presentes, mas a noite eu tinha que subir, tinha que ir pro meu quarto e ser vítima das obscenidades que faziam lá em baixo. Sempre achava que os presentes eram pra me compensar dos gemidos que uma criança como eu tinha que ouvir todo dia. Minha tia era uma boa pessoa, me cuidou, nunca me deixou na mão. Até que um dia o destino me deixou só. Não existia mais tia, mais casa de massagem, mais amigas. Existia apenas eu.
Tentei trabalhar em algumas lojas, lanchonetes, hotéis. Percebi que o dinheiro não dava, e pelo motivo do meu sofrimento sempre fui muito fechada a conhecer pessoas, não me dava bem em lugar nenhum.
Fui para a ultima opção que me restava, ainda tinha 20 anos e meu corpo era apenas um corpo qualquer. Um corpo não preparado para a vida que me restava.
Vendi-o. Vendi por algum preço. O preço da fome e da sobrevivência. Choro depois de transar. Fumo para ter paciência. Bebo para esquecer as noites.
Resolvi que minha vida não era digna da minha existência. Meu corpo e minha mente não mereciam viver. Cometi um suicídio esta manhã. Matei-me lentamente pra sentir cada dor de que foi uma vida vivida por nada.
E me despeço desta medíocre vida em um chão de um quarto barato com meu humilde orgulho derramado em um copo de veneno.

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