segunda-feira, 6 de outubro de 2008


Era uma vez uma chave, uma porta, um cadeado e um coração. A chave era a mais comunicativa, sempre era a mais usada pelos os outros. A porta quando queria sua privacidade a chamava, e o cadeado dava um jeitinho a mais, o coração batia a porta na cara, fechava com chave e cadeado. Ele era o mais frio, mais fechado. Quando alguma chave inapropriada batesse a porta, ele ignorava-a. Milhões de chaves passaram por ali, e o coração começava a se queixar daqueles ferrinhos batendo com toda força na sua porta e fazendo-o ficar dolorido demais. O cadeado começava a enferrujar, a porta foi desmoronando, foi ficando velha, e o coração foi se tornando mais frágil. Um dia chegou uma chave noca, diferente de todas aquelas que já haviam passado por ali. Não era uma qualquer, o coração sentiu algo estranho, palpitou com mais intensidade, e cada vez que ela ia se aproximando ele ficava mais veloz, mais quente. Quando bateu em sua porta, o coração estremeceu. Foi algo inusitado, novo. A chave não pediu licença e entrou pra nunca mais sair.

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